Primavera na Holanda

Querida amiga expatriada,

até que enfim … chegou a primavera na Holanda! SIM, essa é a estação mais esperada do ano por mim. Primeiro, porque eu não aguento mais colocar e tirar casaco, desde setembro do ano passado, AND finalmente quando o sol volta a dar as caras nesse país.

Magnólias

No começo de abril, nasce uma árvore l-i-n-d-a da vizinha na porta da minha casa. Praticamente minha, porque eu que limpo todas as pétalas quando caem no quintal da frente. Essa árvore fica florida somente duas semanas do ano, e depois bem verdinha durante alguns meses.

Cerejeiras

As cerejeiras nascem na mesma época, e também ficam bem floridas somente duas semanas por ano. Já fui algumas vezes, esse ano fui com umas amigas de bike (perto de casa). E, claro, sempre eu vou dizer que é a coisa mais linda do mundo.

Mais detalhes neste post aqui.

Narcisos

Em seguida, temos os narcisos, essas flores amarelinhas lindas. São vários e vários campos de narcisos na Holanda. Indico o De Tulperij. Tem até treasure hunt para as crianças. Uma gracinha!

Jacintos

Os jacintos, ahhhhh os jacintos … você não tem ideia do cheiro maravilhoso desse campo. É um conto de fadas, pela cor, harmonia e cheiro. Não canso de babar.

Tulipas

A coisa mais maravilhosa desse mundo, as tulipas na Holanda.

Essas fotos são deste ano, mas tenho mais detalhes aqui. Tem mais aqui.

Onde? Cadê? Bora!

Claroooo que vou passar todos os lugares.

Querida amiga expatriada, você precisa fazer essa rota pelos campos (guarda no celular esse link!).

Rota dos Campos

https://goo.gl/maps/LCrLbCykXfNjxALR9

 

Tem tulipas em todos os locais abaixo:

Norte
– Creil
– Rutten
– Wervershoof
– Schermerhorn
– Workum

Sul
– Noordwijkerhout
– De Zilk
– Lisse
– Hillegon

Na Holanda toda … 

– Zeeland (Nieuwe-Tonge e Oude-Tonge)
– Zilkerbinnenweg
– Gooweg
– Loosterweg Zuid
– Teylingerlaan
– Achterweg Zuid
– Oude Hereweg
– Achterweg Zuid
– Schulpweg
– Dever
– Zeestaat
– Kraaierslaan
– 3e Loosterweg
– The Tulip Barn
– Veenenburgerlaan
– Loosterweg Noord
– Achterweg Zuid
– Akervoorderlaan
– Zwartelaan

Se joga, Miga. Tira uma foto bem blogueirany por mim. 😉

 

 

 

 

O que é o “Dream Job” para você?

Querida amiga expatriada,

bem na semana do dia da mulher, eu passei por 122mil mixed feelings. 

Vou começar por essa pesquisa da Mckinsey: Women in the Workplace 2020. Leiam! Compartilhem! Tirem print!

Breaking the glass ceiling

No google isso quer dizer: The term was first popularized in the 80s to describe the challenges women face when their careers stagnate at middle-management roles, preventing them from achieving higher leadership or executive roles.

Esse glass ceiling deu uma quebrada desde 2015, como mostra a pesquisa da McKinsey, mas veio a pandemia e o mundo virou ao avesso. Pior, as mulheres estão levando o mundo nas costas, sem escolha alguma!

Esse gráfico mostra, detalhadamente, o que estamos vivendo, como mulheres:

  • reduzimos o horário de trabalho,
  • mudamos de um emprego para uma demanda menor,
  • tiramos uma licença temporária,
  • mudamos de um trabalho full time para part time,
  • pedimos demissão.

E muito mais, como: várias mulheres perderam o emprego, trocaram de área, mãe solo faz como, e todo aquele rolê que sabemos bem porque vivemos diariamente. Umas com mais privilégios e outras como menos privilégios.

Aqui tem outro vídeo, sobre o mesmo assunto, da maravilhosa da VP dos EUA, Kamala Harris.

O que eu queria da vida aos 40 anos?

Quando eu era xxxóven, eu sempre respondia aquela típica pergunta de RH, da época, que casaria aos 30 anos, teria filhos e aos 40 anos eu queria trabalhar para uma empresa de TI gerenciando o mercado da América Latina.

E aí?

Aí que esse ano, em maio, vou fazer 40 anos.  

Sem plásticas, mas com botox na testa, claro. Com duas filhas saudáveis. Sem três órgãos do corpo, mas me livrei de 11 tumores (amém!). Com um marido ma-ra-vi-lho-so que me apoia sempre. Sem morar no Brasil, mas com uma vida expatriada recheada de experiências maravilhosas. Sem o tão sonhado emprego na América Latina, mas com o mercado de NEMEA (Europa Norte, Oriente Médio e África). Ou seja, MUITO melhor no meu ponto de vista (porque não faço e nem sigo planos).

E, você?

O que é o Dream Job para você?

Algumas pessoas acham que o dream job é o salário anual acima dos três dígitos. Outras é o cargo XPTOPQPKCT. Eu acho que essa figura acima, enviada no meu grupo de zap por uma amiga, é o perfeito resumo do Dream Job.

E na pandemia, muita coisa mudou. Quem pode sentar a bunda na cadeira e trabalhar 12horas por dia com os filhos em casa? Hello! E mesmo quem não tem filhos, isso não é vida.

Eu tenho duas empresas que gostaria MUITO de trabalhar na área de TI. Sim, coloquei como dream job da vida! Uma empresa, eu passei em uma entrevista, há nove anos, mas descobri que engravidei no meio do processo e pedi para sair. A moça do RH me disse que fui muito honesta. Ficou chocada! Porém, não iria mentir.
E a outra empresa me ligou na semana passada. Yayyy!
Participei do processo seletivo. Foi bem interessante. Treinei entrevista (claro!), gravei video de como eu falava, via, fazia de novo, de novo e de novo. Me preparei. Veja bem, não é sorte! Não digam isso para ninguém. Eu estava na hora certa, no lugar certo BUT preparada. É diferente, sabe?
Só um pequeno parênteses aqui sobre não ter nada a ver com sorte. Uma seguidora me mandou mensagem para um café há dois anos, em Rotterdam. A encontrei, conversamos e perguntei se ela queria trabalhar comigo. SIM, ela passou e trabalhamos juntas até hoje. Ela não teve sorte. Ela estava na hora certo, no lugar certo mas ela era MUITO preparada, entende? Tinha todos os checks das caixinhas do job description. Mérito total dela. Meu, o mérito é só de sempre que puder, vou contratar uma mulher, e brasileira, claro.
Voltando … passei! Uhuuuu!
Se eu fiquei feliz? Maomeno. Eu chorei muito. Ok, soy mucho loca! Quem me conhece, sabe. No fundo, eu queria muito. A vida toda eu quis, mas não sabia mais o que fazer.

Aceitar ou não aceitar?

Primeiramente, eu cresci em uma família que minha mãe sempre ganhou mais do que meu pai. A dona do rolê AND da poha toda. Tenho MUITO orgulho dela por isso!

Antes de casar, eu só pensava na carreira 122mil%. Thiago me ensinou muitas coisas, mas a melhor dela foi slow down e pensar, também, na qualidade de vida. E hoje, aos quase 40 anos, é meu foco principal. Por outro lado, eu amo dinheiro, gosto de comprar minhas bolsinhas, quero ficar rhycah para viajar o mundo e ajudar quem precisa.

O meu sonho de anos atrás não é o mesmo de hoje. Muitas coisas que eu queria naquela época, eu já conquistei e até mais. E isso não é somente sobre a minha idade, mas também sobre a idade das minhas filhas, 5 e 8 anos. Elas ainda precisam muito de mim. Não temos família perto, e gostaria de criá-las com os pais super-mega-ultra presentes.

Eu chorei. Pensei. Fiquei sem dormir. Falei com várias amigas e amigos. Perguntei. Concordei. Não concordei.

Conversei com Thiago. Conversei com minha mãe. Eu sei que eles apoiariam qualquer decisão minha.

BUT I SAID NO! 

Pois é, você deve pensar que sou doida porque era o dream job da vida dela! Pqp! E agora?

Na verdade, era a minha dream company da vida. Eu queria MUITO trabalhar nessa empresa (ainda quero!), mas o dream job, no fundo, eu já tenho. Simplesmente, porque mesmo tendo outras opções eu decidir ficar. Fico porque a minha situação atual preenche todas os requisitos que eu queria para minha vida hoje. Eu faço um puta milagre em trabalhar full time, ultrapassar as metas de vendas todos anos, fazer 122mil serviços domésticos em casa e criar as meninas.

E tudo bem também …

Eu sei. É difícil escolher, mas hoje eu fiz a escolha certa.
Não a escolha de trocar o certo pelo incerto ou da zona de conforto para a zona de expansão, mas a escolha do que é melhor para minha família no momento.
Se minhas filhas fossem mais velhas, eu estaria lá na segunda-feira de salto alto, make e um belo colar poderoso. BUT eu escolho minha família e está tudo bem.
Está tudo bem também não trabalhar fora e escolher cuidar da casa e família (o que eu acho que é muito mais trabalho!).
Está tudo bem também, porque a mulher pode ser e fazer o que ela quiser!
Eu, como geminiana-bipolar-momento Ruth e Raquel do Tonho da Lua,  vou acordar um dia e pensar se fiz a coisa certa. Mas hoje eu acordo com a consciência tranquila, maquiada, cheia de balagandãs porque derrotada jamais! 😉

 

 

O ano virou, e agora?

Querida amiga expatriada,

a gente passa a vida falando que vai começar o regime na segunda ou que vai fazer 122mil cursos no ano que vem, e as mais sonhadoras daqui a 5 anos estarão em Marte. Aí veio o ano de 2020, e o mundo todo torceu para acabar (eu também!), para começar uma nova vida.

O ano virou, e agora?

Para mim, o ano de 2021 começou no meio do olho do furacão …

Dois dias antes do Natal, estava com sangramento (fluxo menstrual intenso) e resolvi fazer ultra com o gineco. Resumindo, operei com o oncologista no dia 09 de janeiro, em São Paulo, de urgência. Tirei o útero e trompas. Eram 10 tumores, e graças a Deus: apenas tumores benignos. Iupiiii!

Já comecei o ano no lucro, menos 3 órgãos do corpo (tirei a vesícula antes por conta de outro tumor), e animadona porque não era cancer. Uhuuu!

Me despedi da família, no Brasil, com toda a certeza do mundo que viriam nos visitar em 2021 (não posso perder essa esperança!).

Corona na Europa

Voltamos para a Holanda. No mesmo dia, o Primeiro Ministro anunciou que os voos do Brasil seriam cancelados. Nossa, essa foi por pouco! BUT chegamos no mega frio, lockdown, toque de recolher, operada sem poder fazer esforço (eu fiz, e tive sangramento), reforma na casa, pressão no trabalho, aula on-line … e todo mundo com saúde, isso que importa!

Os planos da vida

Ninguém da nossa família foi contaminado. Porém, morreram algumas pessoas que eu conhecia.  E sinto muito se você perdeu alguém também.

O corona mostrou que não adianta fazer planos.

Eu nunca fui muito de planos, aliás zero planejada nessa vida. Tenho uma tatuagem no pé: Carpe Diem. Eu prefiro mesmo é viver o hoje, e faço plano somente de viagens. Nesse momento da vida, vejo que foi melhor eu deixar a vida me levar, como o Zeca Pagodinho.

E você, ainda vive mega fazendo planos? Por um lado é bom para ter algo o que pensar, se ocupar e executar (se o corona permitir!). Porém, por outro lado, é muito frustrante não ter controle da situação e não realiza-los.

Ressignificar a vida

Depois que tudo que passei em 2021, sendo bem dramática porque só passaram dois meses, tenho certeza que o que vale é ter saúde. Os planos, contas, perrengues … tudo isso é resto. Porque sem saúde não da para fazer ou ter nada.

Acho esse vídeo L-I-N-D-O! Vale a pena ver!

TED: Sobre viver! Ricardo Trajano

E aqui, também vai minha playlist no Spotify

Desejo a você e sua família um ano, aliás uma vida, cheia de saúde!

 

A (des)romantização de morar na Europa

O sonho de morar na Europa

Quando eu fiz 15 anos, minha mãe perguntou se eu queria uma festa. Eu pedi uma viagem para a Europa (sim, tenho super noção dos meus privilégios). Meu sonho, na época! E viemos para Portugal e Espanha por 45 dias. Lembro que meus pais alugaram um carro, mapa de papel, e eu trouxe fitas com músicas (millennium geração chora!). Rodamos os dois países de norte a sul, leste ao oeste. Desde então, quando eu juntava um pouco mais de dinheiro era para gastar nas viagens para a Europa.

Cada um tem suas prioridades, a minha sempre foi viajar AND atualmente pagar a escola privada das nossas filhas.

Confesso que nunca imaginei minha vida morando aqui, na Europa. Até porque eu nunca me imaginei morando fora do Brasil para sempre. E hoje, não imagino voltar para o Brasil com a familia.

Quando mudamos para aqui, há 7 anos, eu me encontrei no mundo. Sabe aquele rolê de pertencimento? Então aqui é onde eu quero criar minhas filhas.

Morar aqui não me faz cega. Tem dias e dias.

O vento da poha que entra no útero. A chuva sem parar que molha até a calcinha (juro, entendedores entenderão!). O frio de outubro a abril com milhares de camadas de casacos. O rolê do transporte público. Andar de bike é lindo, mas não na chuva e com as compras do mercado rolando pelo chão. Sair para jantar com o marido, vamos gastar uns 40/50 euros somente de babá. A falta de familia perto para um colo nos dias tristes. Isso, realmente, intensificou demais no meio de uma pandemia. Enfim, o conforto padrão e a varanda gourmet da classe meeerrrdia brasileira não tem aqui.

Foto do insta: @ficaadicaholanda

A (des)romantização de morar na Europa

Uma vez minha filha mais velha, com 5 anos, na época, ficou presa do lado de dentro do metrô, e eu do lado de fora. Desesperador. Quando contei para uma amiga que mora no Brasil, ela disse que pelo menos era um vagão de metrô na Europa. Gente, não isso não é OK, tá? Outra vez minha filha teve uma convulsão. Aconteceu a mesma coisa: “Ahhh pelo menos foi na Europa’.

Quiiiiirida, a vida aqui não é a oitava maravilha do mundo!

Não é porque eu moro na Europa que não tenho problemas. Claro, eu não tenho, de muuuito longe, os mesmos problemas do Brasil como segurança, porém temos outros tipos de perrengues que também são difíceis. A minha dor não apaga a sua dor. Vice-versa. Cada um sabe onde o sapato aperta.

Se você está chateada, porque sua babá não faz brincadeiras educativas com seu filho. Aqui, eu nunca conheci alguém que tivesse babá mensalista. Não tem Tio, Tia, Madrinha e Avós para ficarem com as crianças. Enfim, tudo isso pesa na balança.

Se você escolheu mudar, saiba que vai passar perrengue atrás de perrengue.

Coisas que você achava simples, tipo o lixo. Aqui é uma aula de mestrado até entender onde vai cada lixo. Imagina juntar lixo de papel 1 mês em casa.

Estilo Jumanji. Tem níveis de perrengue. Quando conheço alguém que acabou de chegar, eu já tenho vontade de abraçar porque já sei que rolaram lágrimas semanais de tudo junto e misturado.

E a Ikea? Aquela relação de amor e ódio. Comprei em todos países, e by the way preciso passar lá essa semana para comprar uma prateleira de livros. A gente quer uma coisa melhor, mas aí pensa viajar X móvel da Ikea? Só em 2021, quando eu completar 8 anos fora do Brasil que eu vou ter meu primeiro sofá phynah, mas o tapete segue Ikea.

Acho que o pior de todos perrengues mesmo é conseguir emprego. PQP! Nível 122mil na escala de dificuldade. Esqueça seu MBA e pós na melhor Universidade do Brasil. Não vai rolar, porque não tem experiência de trabalho aqui. Vai rolar depois que você ralar em várias entrevistas, e piora ainda em países como Holanda, Alemanha e outros que dependem da língua local. Eu acho muito engraçado essa auto estima brasileira de achar que trabalha muito. Deixa eu te contar, a gente enrola muuuito no escritório no Brasil, porque ficar até ás 21h não é sinônimo de produtividade. As pessoas acham que é só chegar aqui e conseguir emprego. É fodástico!

Depois de tudo isso e mais um pouco, os meus valores de vida e família são muito maiores do que a saudade, entende? Eu consigo conviver com a saudade, mas eu não consigo mais conviver com jeitinho brasileiro, com a falta de segurança e etc.

O que você ganha? O que você perde?

Depende muito de como você vem, mas o saldo é sempre positivo se você levar para o viés de se tornar uma pessoa melhor para o mundo.

Conheci pessoas que venderam tudo, e vieram com duas malas e muuuuita garra. Conheci pessoas que vieram com todo o rolê pago: aluguel, carro, escola e passagem para o Brasil. Conheci pessoas que vieram em familia e um contrato de trabalho local. Conheci pessoas que vieram ilegais.

Enfim, existem 122mil possibilidades, mas o fato que liga todo mundo é essa infinita corda bamba entre saudade e a vontade de ficar.

Cada um é diferente. Cada um tem uma bagagem diferente.

Eu sou uma pessoa zero planejamento, só planejo viagens. E nesse caso, todo mês de janeiro eu já pago todas as viagens do ano para casar a minha agenda de férias do trabalho, com a do Thiago e a escola das meninas (coronavírus uooo!). Porém, antes de mudar e também morando aqui, considero essencial fazer essas perguntas para você não perder sua essência:

Qual é a sua condição como partner?

Isso é MUITO importante.

A maioria das expatriadas muda como partner (acompanhar o companheiro). Vice-versa. Alguns homens também vem acompanhar a esposa, mas em menores casos.

Você precisa sentar e conversar, claramente, sobre o rolê financeiro.

Quem é você na fila do pão de não gerar uma renda? O parceiro reclama dos gastos? O parceiro deixa gastar sem limite?

Enfim, cada relacionamento é diferente.

Eu confesso que para mim foi muuuuuito difícil na minha primeira mudança para Santiago, Chile. Eu fiquei 10 meses sem trabalhar. Não pelo meu marido, mas por mim, porque eu me cobrava demais.

Não pode ser tabu.

Você precisa entender que o dinheiro é da família.  Seu marido também precisa entender isso.

Ele só está onde está porque tem alguém (você!) cuidando dos filhos, escola, casa, comida, roupas e burocracias do dia a dia. Simples assim. Sogras, reconheçam e agradeçam as belas noras expatriadas! Não é qualquer mulher que abre mão da vida, família e carreira para viver o sonho do marido.

Quais são os seus valores inegociáveis? 

Por exemplo, para mim é inegociável não trabalhar.

Eu só vou mudar para um país que eu tenha um visto de trabalho e que eu possa buscar um emprego. Não funciona na minha vida, e consequentemente para minha familia, porque eu estaria infeliz não trabalhar. Happy Wife. Happy Family.

E para você, o que é inegociável?

O que é o meu custe o que custar? Qual é o meu limite?

Eu não mudei do Brasil para ter menos do que eu tenho no Brasil. Não em termos financeiros (certeza que você já pensou nisso!), mas em qualidade de vida.

Hoje, na Holanda, eu tenho a MELHOR qualidade de vida de todos países que morei. O meu limite é esse. Menos qualidade de vida, eu não aceito mudar de país. Juntando isso com minha idade, 39 anos, quero mais é qualidade de vida do que “ter”.

Eu também queria trabalhar na mesma área (TI) que eu trabalhava no Brasil, mesmo se eu precisasse dar uns passos para trás, mas não em outra área.

E para você, qual é o seu custe o que custar?

Tenha sempre um limite. Porque o limite é você que impõe, não o outro ou a sociedade. É importante saber até onde você consegue ir e quando parar. Não aceite nada menos do que isso.

 

 

 

 

Super hiper mega ultra qualidade de vida, bem-vinda a Holanda. 

Migs,

lendo esse título você achou que a minha vida está fácil assim, né? Rá! Deixa eu te contar que está bemmm longe disso. Esse post é para contar minha experiência, depois de quase três anos, nessa terra maravilhosa, a Holanda.

Pacote completo: cidade mais fotogênica ever evahhh + multinacionais + muito verde

Vamos falar sobre Amsterdam. Você conhece? Se não conhece, pode colocar na bucket list, porque essa cidade é apaixonante para quem visita e para quem mora. Com toda certeza do mundo! Eu não conheço nenhuma pessoa que tenha falado que não acha essa cidade linda.

Deixa eu te apresentar a cidade mais fotogênica do mundo, Amsterdam.

Parece uma casa de bonecas ao ar livre. Todas as pontes, com a vista dos canais, são lindas, e mesmo morando aqui depois de anos ainda paro para tirar 122mil fotos blogueirany. É apaixonante mesmo.

O Brexit ajudou muito a vinda de muitas empresas para a Holanda, principalmente Amsterdam, Rotterdam e Haia. Temos muitas áreas globais de multinacionais. É bom para a empresa em relação aos impostos, e principalmente para o expatriado, onde é possível aplicar para o 30% rule e usufruir desse benefício por 5 anos (eu e meu marido estamos nesse rolê!). Isso já torna um belo atrativo para quem quer morar aqui.

O custo de vida é alto, como qualquer  grande metrópole, por exemplo Londres e Paris, mas Amsterdam ainda tem aquele charme de cidade pequena. E espero que nunca perca isso, o que a torna muito especial.

Verde, sabe? Agora bota mais verde nisso. Muitos parques, árvores em todos caminhos e paisagens incríveis.

É muito bom para xóóóvens, idosos, solteiros, casados, enrolados e famílias.

Tem muita diversidade.

As pessoas são livres de verdade.

A língua é dutch mas TODO mundo fala inglês.

Tudo funciona.

Enfim, para mim, esse é o pacote completo para a …

Super hiper mega ultra qualidade de vida

Eu já morei em cinco países, e depois de toda essa bagagem não tenho a menor dúvida que aqui é onde eu tenho a melhor qualidade de vida ever evahhh. Não somente eu, mas toda minha família.

Para quem nunca teve uma experiência fora, fica um pouco difícil de explicar, mas vamos lá: qualidade de vida não é o que você pode financiar. Senão seria bem fácil para os rhycos, né? Pagar e ter, simples assim. Nope! A qualidade de vida é o que o governo proporciona para você ter uma vida melhor.

Sobre distância

Para começar, depois de morar 3 anos em Londres, foi bem impressionante esse lance da distância quando cheguei aqui. Lá eu não poderia ligar para uma amiga e falar para nos vermos daqui a pouco. Combinar em cima da hora, em Londres, não é possível. Tudo leva uma hora de metro AND tem que reservar qualquer boteco com muita mas muita antecedência.

Aqui tudo leva 20minutos. Seja de bike, trem, bondinho ou ônibus. Uber também.

A cidade é muito pequena, e o país tem a mesma quantidade de pessoas do que a capital de SP. É possível atravessar o país todo em 2h30 ou 3horas no máximo.

Eu, por exemplo, trabalho ou trabalhava (antes da pandemia) três vezes por semana em casa, e duas vezes por semana em Rotterdam, no sul da Holanda. E tudo bem essa locomoção porque os trens são maravilhosos. Mega estrutura, partem e chegam no horário.

A vida em cima de duas rodas

E essa vida em cima de duas rodas? É boa demais.

Os pais levam os filhos na bikefiets, aquela bicicleta cargo. Os filhos aprendem desde cedo a pedalar, pelo menos a Vic já aprendeu com 3 anos a andar de bike sem rodinhas. O vento na cara, as distâncias mais curtas e aquela poha da chuva que entra no útero incomodam, mas ainda o saldo é bem positivo.

Vida ao ar livre

A Holanda tem praia, lagos, diques, piscinão de ramos, parquinhos e muitos parques. Tem MUITA coisa ao ar livre. Muita mesmo! A vida é mais leve assim, com certeza. E o melhor? Isso tudo é de graça.

As crianças mais felizes do mundo!

Você pode confirmar nesse livro – The Happiest Kids in the World! 

Eu li e recomendo.

Vida linear holandesa

Sim, aqui a vida é linear, aos nossos olhos, desde sempre e para sempre.

Vamos lá!

O bebezuco holandês nasce. Como? A mãe tem parte do parto em casa assistida pela midwife, e depois vai para o hospital público. Pode ser o parto todo completo no hospital e muito bem assistida. Se quiser ter parto natureba em casa, também é uma opção bem comum.

Nasceu. Vai para sua casita. Uma enfermeira – isso mesmo! – fica na sua casa durante cinco dias, mais ou menos, acompanhando e auxiliando a vida da sua famīlia com o novo bebezuco. Ela ensina a amamentar, arruma a cozinha, fala para o novo pai fazer tal coisa, a avó outra coisa e cuida do bebê por algumas horas por dia. É realmente incrível! Quem paga isso? O povo com o dinheiro dos impostos – os brasileiros nem sabem que isso é possível, porque não sabemos para onde vai o dinheiro dos nossos altíssimos impostos.

Aí vem o governo, que te direciona para tudo! É tipo um Big Brother. Migs, já leu o livro 1984 George Orwell? Então, mais ou menos nessa agenda.

A mocinha te liga e fala que você tem que levar a filha para pesar no lugar X, tomar vacina na idade Y e fazer outro consulta no dia Z.

O bebezuco cresceu.

Assim que faz 4 anos, no dia seguinte vai para a escola pública (sem adaptação mesmo, no meio do ano letivo). E tudo bem, porque a criança holandesa aprende a ser independente desde que nasce.

A escola não é como em Londres, onde a escola pública é boa depende do local que você mora. Por aqui, todas as escolas tem o mesmo nível. Não importa se fica no Norte ou Sul da Holanda. No bairro mais chiquetoso ou no bairro mais simples, claro que alguns bairros terão mais imigrantes do que outros mas o que eu quero explicar é que o nível de ensino é o mesmo.

Estuda. Estuda. Estuda.

Lá pelos 8 anos de idade já pode ir de bike sozinho para a escola.  Acho demais isso!

Aos 9 anos aprende inglês. Um inglês perfeito e sem sotaque para sempre. Eu fico passada como qualquer holandês fala inglês super bem. Milhões de vezes melhor do que nós, brasileiros. So sorry, mas é!

Agora vem o rolê diferente aos 12 anos (secondary school). A escola/ governo/ Big Brother ou sei lá como você queira chamar isso, decide o que você vai fazer da vida. Curso Técnico. Faculdade. Mestrado. Talvez Doutorado? Isso mesmo, Migs! Não é você quem escolhe o que fazer da vida, mas sim eles te orientam o que é melhor para seu perfil com base no seu desempenho até aquela idade. Por aqui é OK parte da população não ter faculdade e muito menos não ter ambição para isso. Tipo uma seleção natural de Darwin, digamos assim.

Eu não concordo com esse sistema, porque eu não fui uma boa aluna até essa idade. Por outro lado, eu acho muito correto TODO mundo ter oportunidade profissional nesse país, entende? Desde a pessoa que fez o curso técnico a quem tem mestrado. E não existe aquela cobrança dos pais esperarem que o filho seja o melhor. Sabe por quê? Porque eu acho que é uma questão de crescer na empatia do que na competição, como nos EUA. Pronto, falei.

Sistema público de saúde

No meio de tudo isso, a saúde é publica, mas tem que ter um seguro saúde que custa na média de 100 euros por mês, por adulto. Criança não paga. Eu sei, parece estranho ser público mas tem que pagar.

Não tem como simplesmente querer um médico particular, especialista em XPTO porque não vai rolar se o seu huisarts (médico da família) não aprovar.

Eu nunca tive problema com o sistema daqui. Obviamente não é o melhor do mundo para o brasileiro, porque a gente gosta mesmo é de fazer 122mil exames, pesquisar no google e dar o nosso próprio diagnóstico, né? Porém, quando é um problema grave, para eles, o governo dará toda assistência necessária. Para prevenção é como qualquer país na Europa, não tem mil exames.

Part Time Job

Mamadag e Papagad. Na quarta, normalmente, é dia do pai ou mãe ficarem com os filhos. A escola pública funciona até às 12h. Outros pais escolhem outro dia da semana. O salário é reduzido e tudo bem.

A maioria das mulheres trabalha 4 vezes na semana. O que chamamos de part time. Eu não faço, mas todas as mulheres da minha empresa fazem. Isso não quer dizer que elas se matam até tarde para compensar nos demais dias. Nope! Saem as 17h do escritório.

Burocracias

Tudo funciona perfeitamente.

Precisa ir a prefeitura? Deve ser no máximo 8 minutos da sua casa. Tudo novinho. Café do bom e de graça. Área para kids. Seu “problema” é resolvido em menos de uma hora.

Tem um plano de pensão bom.

A parcela de compra de uma casa é mais barata do que aluguel.

Os vizinhos “controlam” a vida dos outros. Se você está fazendo tudo correto. É um pouco invasivo no começo, mas depois voce aprende a responder/ dar um fora.

O imposto é super alto. Até 52% do seu salário.

Burn out

Vou começar do final para o começo … burn out.

Eu estava na casa de uma amiga indiana, a Natty.  Conheci duas médicas, uma indiana e outra americana, que vieram acompanhar os maridos e estudaram praticamente tudo de novo AND holandês para exercer a profissão aqui. Eu morro de orgulho dessas pessoas!

Enfim, conversa vai e vem. Ambas falaram que TEM que dar muito atestado de burn out.

Migs, o burn out é exaustão nível master. O fato é que ambas também falaram que tiveram que “aprender” o que era o significado dessa exaustão nível master para eles, holandeses, porque para elas não era.

Migs, claro e óbvio que tem burn out real mesmo. Uma amiga próxima já teve. Porém, aqui, a médica disse que é só o chefe pedir para ficar 1 horinha a mais e a pessoa já tem isso. É só ter uma pressão mínima no trabalho. E além do mais é muito mais difícil, pela Lei, a empresa despedir um colaborador.

Por quê tem muitas solicitações de atestados? Segundo as médicas que eu conversei, os holandeses tem uma vida perfeita demais. Quando algo é diferente ou sai do padrão deles já se torna um problema. Muito grave.

Sabe first world problem? 

Sabe esforço?

Sabe lutar?

Sabe começar do zero?

Sabe desigualdade social?

Sabe miséria?

Sabe passar perrengue fodástico? Então, não existe aqui! Eles não sabem que é isso.

Primeiro dos Primeiros Mundos, Migs!!!

Fórmula de Sucesso

Eu não estou aqui para julgar se esse modelo é certo ou errado. Quero apenas compartilhar essa visão depois de quase três anos de Holanda.

Para alguns (já escutei muito isso!), o holandês é preguiçoso, o famoso braço curto. Ele não está muito preocupado se não vai rolar emprego, porque ele sempre terá. Para outros, ele é grosseiro. Para muitos, ele leva uma vida entediada, onde tudo é perfeito e não tem problema grave.

Nessas horas que a gente percebe como morar fora do seu país, sair da sua casinha, dos pré-conceitos, experimentar novas culturas, sabores, e tentar entender uma outra mentalidade faz TODA diferença na vida. A gente cresce demais.

E eu só posso mesmo agradecer MUITO em aprender, com eles, tudo isso e ter cada dia mais certeza que esse país tem a melhor qualidade de vida mesmo!

Eu não estou partindo, mas eu agradeço muito e sempre. Obrigada Holanda por tanto!