Sobre conseguir emprego na Europa: Você tem experiência no mercado europeu? Pule cinco casas. Você é casada, sem filhos, e não tem experiência aqui? Volte três casas no jogo da vida. Agora, se você é casada, com filhos, veio acompanhar o marido, não tem família e não tem ajuda … volte ao início do tabuleiro. 

Querida migs expatriada, 

o que eu mais recebo de pergunta no instagram é sobre meu trabalho: como eu consegui, o que eu faço, como se sentir segura, por onde começar, onde eu deixo minhas filhas e etc. 

Eu não sou profissional de RH. Sou filha de uma super fodástica de RH e cresci ouvindo sobre carreira, cursos e análises comportamentais. Portanto “a fruta não iria cair longe do pé”. E minha avó já falava que marido não era emprego. 

Brasileira acha que é só chegar aqui, na Europa, e pá pum … vai conseguir o emprego para ser Dona do Rolê. Rá! Ei, deixa eu te contar: não, e ainda vai quebrar a cara com isso. 

Eu não vou anexar meu CV aqui, mas fiz faculdade, pós-graduação, três especializações, MBA, falo espanhol e inglês, e mesmo assim eu fiz apenassssss 32 entrevistas em Londres, UK. Falei nesse post aqui

A verdade é que você é um ZÉ NINGUÉM em outro país, infelizmente!

Não importa se você fez MBA na FGV (como eu fiz), estudou nas melhores faculdades e tem um cargo super alto. Aqui, o buraco é mais embaixo. O mercado é diferente. O que vale é a experiência. E não é experiência de ter trabalhado numa empresa gringa no Brasil, mas SIM morar e trabalhar aqui, na Europa. 

Hoje eu tenho experiência em EMEA, Benelux e UK&I, mas Migs já estou nesse jogo da vida há mais de quatro anos. 

Já falei nesse post aqui – algumas dicas de uma amiga querida sobre como conseguir emprego. 

“Setar” as expectativas. 

O mais importante é você “setar” as expectativas. Saiba, em primeiro lugar, NÃO vai ser fácil simplesmente porque tem muitos influenciadores fora do seu controle. Por exemplo, eu tenho experiência em MKT e Vendas no mercado de TI. Porém, quando mudei para Londres eu só buscava vaga de mkt, até que um headhunter me disse que em UK somente contratavam inglês nativo (British!) para isso. Quac, quac e quac. E eu passei longos seis meses buscando nessa área para algo que não iria dar certa. Presta atenção, Migs!!! 

Claro que se você veio transferida pela empresa é outra história. Nem precisa ler mais nada. 

As suas escolhas e dilemas dependem da sua experiência de vida. 

Eu passo na cara do meu marido dia sim e dia não que eu abri mão de tudo (carreira, família e amigos) para viver o sonho dele. E aí você deve ter pensado “Miga, sua loka! Tá rhycah na Europa e ainda reclama?”. A vida aqui é bem diferente. Eu não fico passeando de barco fumando maconha pelos canais de Amsterdam. Oi??? E tem mais, eu tive uma vida maravilhosa antes, deixa eu te contar … 

Quando mudei, eu já conhecia a Europa (algumas vezes), EUA (várias vezes desde os 11 anos), Canada (intercâmbio) e muitos outros países na época. O mais importante é que já tinha viajado o Brasil todinho com meus pais. Sempre acreditei que viajar é o melhor investimento, sair da zona de conforto e aprender que o diferente é bom também. Todas essas viagens abriram demais minha mente e forma de ver o mundo. 

Eu já tinha uma carreira e a discrepância salarial minha e dele era mínima no Brasil. Aqui é enormeeeee, algo como 4 vezes mais, porque eu tive que abrir mão de muitas coisas que eram importantes para mim e consequentemente aceitar isso. 

Eu já tinha conquistado muito. Tinha trabalhado no Vale do Silício – sim, sou de TI e lá é o máximo mesmo! Já tinha trabalhado em start ups e gerado excelentes resultados. 

Por quê estou contando tudo isso? Por quê sou achany e fodástica? NÃO! Porque, para quem mora no Brasil, morar na Europa é o máximo. Sim, realmente é o máximo, mas eu não descanso uma poha de um minuto. Nem azamigas daqui! Estou passeando plena pelas tulipas, mas com uma pilha de roupas me esperando em casa para lavar. A rede social não mostra a realidade. 

Migs, minha amiga Jami, me falou uma vez: 

O que eu (como toda expatriada) faço aqui, sozinha, a mesma coisa é feita a oito mãos no Brasil – ajuda dos avós, babá, empregada, marido, madrinha, vizinha, amiga, papagaio e periquito. 

Abri mão também do apto de coxinha-com varanda gourmet em Sampa-de classe “merdia” para ser mãe full time e fazer serviços domésticos. Caralho, estudei tanto para isso? Pois é, sim. C’est la vie! 

Como expatriada, muitas vezes vem um fogo na “bacurinha”/ no rabo e você quer mais. Quer um emprego! 

E aí começa o milagre – sei lá como você quer chamar. Na verdade, fecha o tabuleiro da vida, manda o jogo para a pqp, chora, limpa as lágrimas, passa make e volte ao início sabendo que será UÓ! 

Uma lutaaaaaa conseguir emprego. Quando finalmente consegue, agora tem que fazer malabares: limpar a casa, comprar comida, cozinhar, lavar e guardar a louça, lavar e guardar a roupa (não precisa passar), cuidar das filhas, lição de casa e dar atenção para marido também, né? Ir e voltar de transporte público/ bike na chuva ou neve. Descansar no final de semana? Não. Tem que catar os brinquedos do chão e pensar no cardápio da semana. Ah esqueci das unhas, eu mesma faço para economizar e comprar passagens. Massagens, dermato e nutri? Não temos. 

Mas já escutei: “Miga, pelo menos você ganha em euros!”. Sim, e gasto em euros também só para lembrar. O salário de uma mulher aqui é mais baixo, porque elas trabalham part time (meio periodo ou quatro vezes na semana – não é meu caso) e também that is the way it is. E não adianta as feministas falarem que não, porque infelizmente é. 

 E eu vivo um dilema constante …

ainda mais essa semana com uma TPM do caraleoooo. Eu simplesmente não posso dar um passo maior na minha carreira. Tem dias que fico OK e outros que questiono as minhas escolhas, afinal sou geminiana bipolar. 

Meu marido volta do trabalho às 21h/22h ou está em outro país. Como posso ter uma super carreira? Não é possível! A conta não fecha. Quem vai ficar com as meninas? Babá full time não é opção para mim. Por outro lado, quando Thiago está em casa, é (sem dúvidas!) o marido que mais faz tudo de todas azamigas em todos países que morei. Cozinha a comida da semana, mercado, festinhas, leva na escola, leva no médico, faz 122mil programas no fds e eu não preciso pedir nada, nadica. Obrigada Paixão, te amamos muito! 

Já recusei duas vagas para um salário muito melhor, simplesmente porque não posso (agora) começar do zero e “provar” minha capacidade.

Já recusei promoção. Meu chefe me pede para viajar e quase sempre eu falo que não posso porque Thiago está viajando. A minha “sorte” é que trabalho para a mesma empresa há anos e fui transferida de Londres para Rotterdam. Eles sabem da minha situação, mas o mais importante é que meus resultados são bons, no final isso que importa para a empresa.  

Eu trabalho três vezes por semana home office e busco minhas filhas às 15h30 na escola. Duas vezes por semana eu trabalho em Rotterdam. A Thais, minha salvadora da pátria, busca as meninas na escola e fica com elas até às 19h. Tento marcar meus calls todos no período da manhã, mas várias vezes não consigo e as meninas sempre aparecem no meio do video. Me pedem para tirar e colocar a roupa na Barbie/ LOL. E eu? Continuo falando da minha meta de GBP 3,6M do ano. Já chorei e me irritei mas não posso e nem quero pagar 10 euros por hora de babá todos os dias da semana.

Por outro lado, eu quero mais, sempre mais. Também tenho que agradecer por ter um emprego na minha área com bom salário. Migs, eu não sei viver na zona de conforto (que de rotina e conforto aqui é zero). Quero ser rhycah (e não tenho vergonha de falar isso!) para viajar o mundo e ajudar quem precisa.

Migs, esses são meus dilemas, desabafos e pensamentos. Ufa!!! Ficam mais intensos quando o sol não sai, praticamente 10 meses do ano. Tenho plena consciência  que é um pouco de white people problems junto com força guerreira, porque todo mundo tem saúde aqui então está tudo ótimo, né? 

Para você, do outro lado do mundo parece tudo tão simples, porque tem ajuda, tem o QI (quem indica) na empresa, o nome da sua faculdade é reconhecido … mas para nós, expatriadas, não. E assim, seguimos o baile … beijocas e fui! Porque agora tenho que fazer o jantar das kids, lavar a louca, dar banho, ler 122mil livros para cada, fazer lição com uma e colocá-las para dormir. 

Vida expatriada é sobre escolher as batalhas! 

Querida amiga expatriada, 

se você é expatriada, vai se identificar MUITO porque temos 122mil mil prioridades. Se você está lendo de curió esse post, pode idealizar mas nunca vai saber o quanto é fodástico. 

Migs, desejo do fundo do meu coração, que você tenha uma vida expatriada leve. Isso é o mais importante, e o resto flui. Vamos lá … 

Se você projetar sua vida expatriada, você paralisa. 

Aquele momento dramático, quando o marido/ esposa vem e fala: “Precisamos conversar. Vamos mudar para a Islândia”. Pronto. Apenas uma frase e já passa um filme na cabeça: como deve ser morar lá, casa, escola, médico, comida, azamigas, emprego e por aí vai. Nossa mente nunca vai parar. Migs, deixa eu te contar, o começo sempre vai ser o caos. Isso não é novidade, apenas a dura realidade.

Talvez porque eu nunca fiz planejamento para nada (mesmo sendo ansiosa), acho que as coisas e pessoas deveriam ser mais let it go … 

Tenho certeza que você planeja assim: no mês de setembro vou fazer o curso de decoração que tanto amo. Quando eu tiver dinheiro, vou fazer uma viagem. Quando eu souber quantos anos ficarei na China, vou trabalhar. Pasmem, você já está paralisada! 

Hello Migs, levanta o popô dessa cadeira e faça acontecer. Não tem mamãe para passar a mão na cabeça ou dar um colinho (eita coisa boa!), o que tem para hoje é comprar comida, cozinhar e uma pilha de roupas para lavar em todas as casas expatriadas. 

Eu morei em cinco países nos últimos seis anos. Se eu tivesse planejado ou esperado … jamais teria vivido tudo que eu vivi e conhecido azamigas maravilhosas para uma vida toda.

Partner de agora em diante, e agora? 

É muito comum mudar de país devido ao trabalho do namorado, marido, tico tico no fubá ou esposa. O nome desse tipo de visto, ou até mesmo conceito, é partner.

Migs, sério, você fez tudo o que fez na vida para ser partner de agora em diante? Não estou aqui pagando de feminista ou sei lá o que você queira chamar. O fato é que um dia os filhos crescem e aí você vai fazer o que?  Basta pensar se é isso mesmo que você quer. Cuidar da casa e cuidar dos filhos. Se SIM, você está de parabéns, porque eu realmente não consigo. Minha vida tem que ter um propósito. Não somente um trabalho, mas um curso interessante, vender algo que faz e gosta, ensinar algo, trabalhar como voluntária e etc. 

Não adianta falar que não tem tempo para nada. Você nunca vai ter tempo se não souber priorizar as coisas.

Espelho x Realidade 

A Migs começa a vida expatriada projetando como será a nova vida na Slovenia, se enxerga (do jeito que ela acha) e partiu vida nova! 

Depois de uns meses vem aquele período de reclamação 24X7, igual suporte (sou de TI!). E você pensa que o problema está sempre no outro, na cidade, na cultura do país novo e por aí vai … porque nós, migs querida, somos  incríveis, maravilhosas e merecedoras do melhor do mundo, né? Na verdade, não é bem por aí! 

Agora se olha no espelho e para de projetar uma vida imaginária. Coloque seus pés no chão. Claro que todos países tem problemas, todo lugar é diferente, mas é você quem chegou e precisa se adaptar, não as pessoas que já nasceram; moram no local.

Aprenda a diferença entre espelho x realidade.

Deadlines

Migs, eu não sou nem um pouco arrependida de nada nessa vida, até porque eu me jogo mesmo e de cabeça! Isso mesmo, eu tenho metas com datas para tudo, simplesmente porque é muito fácil entrar na rotina do dia a dia e perder o timing das coisas. 

Eu perdi um timing na vida expatriada, mas depois corri atrás. Isso tudo porque esperava que as coisas fossem acontecer. Por exemplo, a segunda gravidez. Sai do emprego do Brasil e mudamos para o Chile, a Valentina tinha meses, mas eu poderia ter engravidado naquela época, porque demorou 10 meses para eu conseguir um emprego no Chile e logo em seguida nós mudamos para Londres, onde eu fiquei mais seis meses sem trabalhar. Migs, você me entende? Depois aprendi a lição e criei uma meta: até novembro/2014 se eu não conseguir um emprego, vou engravidar. Dito e feito! Não consegui e engravidei, mas poucas semanas depois recebi a offer letter, por sinal, do mesmo emprego que tenho até hoje. 

Esse lance de deixar a vida te levar só funciona para o Zeca Pagodinho. Quando vemos, a vida passa naquele país, você já está de mudança novamente e ai vai levar o que de aprendizado; legado dali?

A importância de ter vários papéis e ter a consciência que nenhum deles será perfeito. 

Migs, o que você gosta de fazer? O que você faz por você? Não vale responder cuidar de filho, porque isso é para a familia. Não é somente por você. 

Eu sei que para mim é super importante desempenhar vários papéis ao mesmo tempo. Tenho plena consciência que nenhum deles será perfeito ou maravilhoso. Simplesmente porque o feito é melhor do que o perfeito.

Por exemplo, eu gosto de cozinhar. Adoraria comer comida fresca e saudável diariamente, mas para isso eu não poderia trabalhar, cuidar das filhas e teria que ir ao mercado sempre (o que eu detesto!). Então não é possível e OK para mim.

Outro exemplo é a minha carreira profissional. Migs, não se pode ter tudo nessa vida. Meu marido volta do trabalho depois das 21h ou está viajando. Portanto, eu não tenho como viajar sempre a trabalho e ser a mega-power-fodástica mesmo eu tendo estudado e batalhado para isso. Por outro lado, eu não quero que minhas filhas sejam criadas pela babá (nada contra quem tem essa vida, mas para minha família não funciona). Então não é possível e OK para mim.

Na escola, quando tem aniversário pode levar um cupcake para cada aluno e cantar parabéns na classe. Migs, eu vou passar na loja Dunkin Donuts e comprar para os amiguinhos das minhas filhas. Eu poderia fazer os cupcakes? Eu poderia fazer o bolo? Poderia, mas ai já ficaria estressada em pensar como encaixar a ida ao mercado, cozinhar e levar no meio da minha semana caótica. Então, eu quero mais é ser leve e feliz. Vou de donuts mega power colorido da lojinha e voilá!

Você precisa escolher as batalhas.

Migs, simples, para ter uma vida expatriada mais leve basta escolher as batalhas.

Eu tenho que cuidar das meninas, trabalhar todos os dias da semana, bater minha meta do trabalho (vender apenassss 3.6 milhões de pounds, isso mesmo!), dar aquela atenção para o marido, lavar e guardar a roupa, cozinhar, mercado e limpar a casa. Eu escolho as minhas batalhas.

Quais as suas prioridades? O que você não abre mão?

Tenha consciência que precisa largar o osso em muitas coisas, tipo eu largo o osso com limpeza e comida fresca diariamente. Simplesmente não é possível ser feliz assim!

Não se pode ter tudo nessa vida, mas se pode ser muito feliz com tudo o que você tem de importante nessa vida.

Você leva a vida: TRYING TO FIT IN? 

Querida amiga expatriada,

senta que lá vem papo cabeça …

Tudo começou no meu grupo de whatsapp das minhas amigas de Londres. Aliás, saudades meninas!!! ❤️

A Teressa jogou a questão do brinco na orelha em bebezucas e surgiram 122mil comentários. Migs, se você está lendo esse post do Brasil deve achar mais do que normal furar a orelha da bebezinha, mas na verdade há controversias. Bem-vinda ao mundo por aqui!  Não vou discutir o que é certo ou errado. Até porque não existe certo e errado. Alguns falam que é um ato “bárbaro”. Outros falam que somente pessoas sem educação fazem. Alguns falam que o bebê/ mulher deve decidir o que fazer com o corpo. O fato é que, em Londres, é proibido meninas de brincos, nas escolas, a partir de quatro anos.

Sobre esse lance, eu furei a orelha da Valentina no Einstein em Sampa, quando ela nasceu. Isso mesmo, bemmmmmm como manda o “figurino”. Porém, atualmente, NENHUMA amiga dela, de diferentes nacionalidades, usa brinco então ela quis tirar já tem um ano e meio. Deixei, claro! Também furei a da Vic bebezuca e ela nem chorou. Por enquanto, está de brinco mas se quiser tirar … OK também.

Migs, isso é CULTURAL!!!

Assim como é cultural, na Inglaterra, não cuidar dos dentes. Porque antigamente só quem tinha dinheiro para comprar açucar/ doces eram pessoas ricas. Então dente cariado/ podre era sinônimo de status. BUT convenhamos, né? Uó do borogodó!!!! Eu tenho uma colega de trabalho que tem Chanel e Louboutin mas nãooooo tem um dente. Bom, eu não tenho nada disso, mas tenho os meus dentes, porque essa é a minha cultura e levo isso como prioridade.

Papo vai e papo vem. Até que a Paulinha, minha BFF de Londres, falou:

A gente leva a vida TRYING TO FIT IN!!! No final, a gente nem se reconhece mais.

Boom!!!! Todo mundo concordou e acordou.

E eu pensei, por horassssss, quantas coisas que fazia, fiz e faço somente por TRYING TO FIT IN. Para quê, Migs?

Em Londres, no começo, eu me esforçava muitoooo para ter sotaque britânico. Para quê? Hoje falo inglês superrrrr brazuca (alguns erros) e com orgulho, afinal não sou british, só minha filha Vic. ☺️

Em Madrid, assim que chegamos, convidaram a Valentina para uma festinha de uma amiguinha da escola em um parquinho indoor. Era segunda às 16h30, ou seja, após a escola. Eu fui normal ué! Bota sem salto, calça jeans, “brusinha” da Zara e casaco Uniqlo. Migsssss do Céu, quando cheguei lá, as mães estavam de bota de salto, superrrrr maquiadas, casaco de pele, vestido-longo-esvoaçante-estampa Liberty, bolsa Chanel e cabelo com cachos a la Gisele. Capa da revista HOLA em plena segundona a tarde no frio! Eu também levei a Vic, porque não tinha ajuda, mas Madrid todooooo mundo tem interna – que mora com você de domingo a sábado.

Depois desse episódio, o que eu fiz? TRYING TO FIT IN, claro. Depois de uma temporada no Chile e em Londres, eu somente mega me arrumava para trabalhar. E ainda deixava meus saltos no trabalho, claro. Então fiz umas compritchas e mega me arrumava nas festinhas, para buscar as meninas na escola e tudo mais. Para quê??? Depois de um tempo desencanei, porque aquela não era eu, e consequentemente acabei fazendo amizade com expatriadas e somente duas espanholas.

Na Holanda, meu lance de TRYING TO FIT IN é com a bike 🚲. Migs, uma cena cotidiana aqui é uma super mãe-deusa-holandesa pedalar carregando compras, três filhos e mais um amiguinho para playdate. Cabelo liso, falando no celular e plenaaaaa! E eu? Rá! Comprei uma bike com cesta na frente e cadeirinha atrás. Pesada para kct para começo de conversa. Enfim, quando eu pedalo na chuva tenho vontade de matar um! A chuva vai na cara borrando a make. Fecho a capa de chuva no máximo para não molhar minha bolsa cara-desejo-que trabalhei para poha para pagar- e tem que durar gerações (sim, me julguem!). Meu cabelo, depois de pedalar, parece de velha que passa spray Karina. Cheio de nó! Já cai da bike e minha cesta estava cheia de compra do mercado. Migs, fala sério, né? Eu, com 37 anos lá caída e olhando para ver se alguém estava rindo do mico. O mico maior é sair catando yogurt, manteiga e pão pelo chão. Uóóó!!! Em Amsterdam, os turistas alugam a bike e saem batendo em todo mundo. Piores do que eu. Semana passada, meu pneu estava murcho e pedalei até o posto com a Vic na garupa, pior do que cross fit, adivinha? Chegando lá não tinha bomba para encher pneu de bike, somente de carro. Voltei mor-ren-do e xingando todas as gerações, e claro, meu marido também que tenta me enfiar nessa a qualquer custo. Valeu, paixão! Já saí para jantar, sem filhas, plena e de bota. O pedal ralou toda minha bota nova, e minha bolsa Gucci (mais uma vez) pulando na minha cestinha para cá e para lá. Um dia inventei de ir a missa de bike. Parecia que eu tinha ído para a missa em Jerusalém, de tão longe. Deus que me perdoe, mas ELE estava vendo meu esforço. Não foi em vão. Amém! E na volta choveu, claro. Outra vez, meu marido estava na pista de bike (de bike, claro) e foi atropelado por uma scooter e quebrou o ombro. Para tudo!

Migs, para que tudo isso? Se você é expatriada, com certeza já passou por diversas situações assim e muito piores.

A gente tenta “se encaixar”; fazer parte da cultura local de qualquer forma a qualquer custo.

Quando comecei a trabalhar em Londres, logo de cara percebi como tudo era diferente. Ninguém conversava. Imagina minha dificuldade? Sou geminiana faladeira. Eu ía ao banheiro só para falar, falar e falar no celular. Mas  desde sempre fui EU! E meu apelido virou Sunshine em todos as BUs. Porque realmente eu sou diferente deles. Sou brasileira, pô! Nem melhor. Nem pior. Apenas diferente e OK ser assim.

Mudar faz bem. Mudar é necessário. Mas lembre-se sempre … até onde permitimos mudar? O que não mudaremos nunca?

No Brasil, eu vejo azamigas sendo fit. Postam receitinhas fit. Pratos lindos e saudáveis. Cross fit para cá e para lá. Outifits modernosos. Cropped. E eu? Migs, óbvio que eu amaria ser super fit e fazer pratos mega-power-super fit para minhas filhotas … BUT eu não tenho empregada para cozinhar, vovó perto para ficar com elas enquanto vou ao mercado, nem feira existe aqui e muito menos alguém para ficar com elas enquanto eu malho. Meu marido volta às 22h ou está em outro país. O que eu faço? Desencano de TRYING TO FIT IT e malho (duas vezes na semana super cedo) para comer e ser feliz, não para usar cropped. Comida não é remédio. Eu AMO comer e tenho prazer nisso.

Pior … tem pessoas que fazem isso em relacionamento. Seja com namorado, marido ou tico tico no fubá. Mudam o estilo de se vestir. Mudam as amizades. Mudam os lugares que frequentam.  Até esquecem da própria família.

Outras pessoas gastam os tubos para parecerem rhycah-phynah-plena igual as blogueiranys do Insta. Parcelam até a alma. Alugam até bolsas caras somente para um findi. Tem a mesma sobrancelha desenhada de fio a fio.

Agora, para e pensa … quantas coisas você já mudou somente para TRYING TO FIT IN? Muitas, com certeza.

Migs, seja você! ❤️

Tenha cuidado para não perder sua essência. Não deixe de ser você somente para agradar aos outros.Uma hora a danada da “conta” vai chegar, e será muito cara. Virá em forma de frustração, depressão, tristeza, angústia e um belo impacto financeiro também.

O melhor lado da internet. Poder mostrar o BEM e o AMOR.

Querida amiga expatriada,

há pouco mais de uma semana eu fiz o post O Brasil dos Esquecidos, sobre minha cidade amada Quipapá. ❤️

Como falei no post, eu consegui comprar roupas, material escolar e sapatos para vinte crianças irem a escola. Comentei com uma amiga, Hermana, e ela disse para eu escrever um post pois tinham muitas pessoas que gostariam de ajudar e não sabiam como. A Vivi me recomendou detalhar os valores, porque muitas pessoas não tinham noção que com POUCO daria para ajudar MUITO, e também colocar a conta da minha prima. Obrigada azamigas!!!

Postei. Deu mais do que certo!!!

Chorei. Ri muito. E ainda choro até hoje.

Foram muitos compartilhamentos no Instagram e Facebook.

Doações de amigos e amigos de amigos que nunca nem ouviram falar  em Quipapá, mas com um coração ENORME!!!

Doações de pessoas que moram no Brasil.

A maioria das doações foi feita por pessoas que moram fora do Brasil, mas acreditam em um futuro melhor para nossas crianças. 🙏🏻

Mensagens

Eu recebi MUITAS mensagens de pessoas queridas de Quipapá agradecendo cada um de vocês que doou.

Também recebi lindas mensagens de apoio.

Recebi MUITAS mensagens negativas. Pois é, Migs, infelizmente! Tem haters para todos os lados, mas estou aqui para falar de coisas boas …

Sigo uma página linda, no insta, chamada Razões para Acreditar que eu choro horrores diariamente com histórias lindas de aquecer o coração. Sigam! O bem é para ser compartilhado.

Porque esse é o melhor lado da internet. Poder  mostrar o BEM e o AMOR! ❤️

Com o dinheiro das doações, nós compramos 100 (CEMM) Kits para as crianças com: caderno, cola, lápis de cor, giz de cera, borracha mochila, estojo garrafa plástica para água, roupas, sapatos e chinelos. 

Migs, SURREAL!!! Muita coisa.

Alguns amigos também quiseram ajudar famílias mensalmente.

Outros amigos mandaram roupas e sapatos.

E os fornecedores que minha prima comprou cesta básica e sapatos também doaram.

Uma amiga também doou roupas da loja em Quipapá. Obrigada Polly!

Recebemos doações de pessoas que vivem em Quipapá e sabem a real situação da cidade …

… e muito mais!!!!! Graças a Deus as doações não param de chegar. 🙏🏻

Ainda estamos comprando mais material escolar, roupas, sapatos e comida. Para os que puderem doar, segue a conta da minha prima:

Agradecimento

Gostaria de agradecer cada pensamento positivo, compartilhamento e doação. De pouquinho em pouquinho conseguimos comprar muitas coisas!!!

Um agradecimento especial a Renata Alves Araújo, minha prima, e Álvaro Jorge, professores que eu morro de orgulho! Eles SIM mudam o mundo. ❤️

Obrigada Claudia Fernanda e Camila Góis por irem a Feira de Caruaru comprarem TANTO com amor e carinho.

Nesses dias com tantos acontecimentos cruéis, SIM eu faço questão de mostrar tantas pessoas lindas e queridas que desejam apenas um futuro especial para as crianças no Brasil.

Muito obrigada por TANTO!

Com amor e choro de alegria,

Nati.

Sobre a insegurança de mudar de país. 

Querida amiga,

uma seguidora do insta (me achany a blogueirany) me perguntou se eu me sentia insegura, no começo, nos países que morei.

Migs, claroooooo, sim, com certeza e óbvio!

Vamos começar do começo – bem redundante mesmo.

Minha mãe me ensinou, e principalmente me proporcionou, essa paixão de viajar. Ela me levou para todos os estados do Brasil e alguns países. Quando eu tinha 11 anos, ela me mandou de excursão para a Disney , com uma amiga da mesma idade, pela Dimensão Turismo. Ficamos em Miami e Orlando 15 dias. Dormimos no mesmo quarto da guia. E eu? AMEI!!! Sou eternamente grata.

Com 17 anos fui com duas amigas para a Espanha por um mês. Até aprendi um pouco de espanhol nessa viagem MAETROCINIO total. Com 20 anos, fui estudar inglês por três meses em Toronto, Canadá.

Sobre o medo

Quando você muda sem previsão de volta, seja sozinha ou com a família, é totalmente diferente. Incomparável! Não compare um intercâmbio com pagar suas contas para sobreviver em um país.

Nós ficamos condicionados na zona de conforto, e quando vem algo externo para nos tirar dela, isso gera medo e muita insegurança.

Migs, tenho algumas dicas (experiência própria) para amenizar essa situação:

Redes Sociais

Migs, antes de mudar, coloque no facebook, instagram, tinder, pinterest e sei lá mais o que avisando que vai se mudar para a cidade X e pergunta se alguém conhece um primo-da vizinha-da tia-do cunhado que mora lá. Sempreeeee tem alguém! Eu já conheci pessoas super especiais assim, e também já apresentei várias assim.

Eu não uso muito facebook mais, mas deixo ativo porque vai que mudo de novo e vou precisar, né? Nunca se sabe. Sempre tem grupos no face de brasileiras na Holanda, mais brasileiras e sei lá mais o que …

Se você não tem rede social, parabéns é muito iluminada, pule 10 casas e você ganhará esse jogo! 🙂

Brasileiras

Nem toda brasileira será sua amiga. Fato. E, Migs, that is ok (como fala minha filha Valentina) …

Eu tenho azamigas pelo mundo afora. Se eu morasse no Brasil, algumas seriam minhas amigas com certeza, mas outras com toda certeza não. É uma questão de afinidade.

Muitas vezes você não vai achar aquela amiga-poha-loka-quiiirida, mas tem que conviver com as que tem. Vai selecionando com o tempo. Esteja sempre aberta a novas amizades.

Internet e Fake News

Migs, cuidado com o que você lê na net. Fake news!

Muito cuidado também com o que azamigas falam. Sempre alguém vai contar que aconteceu algo horrível com a amiga-da-prima-da-tia-da-vizinha naquele país. Eita mundo invejoso! Lembre-se da sua mãe. Tenho certeza que ela também falava: Você não é todo mundo!

Língua

Migs, é super normal morrer de vergonha de falar nos primeiro dias. Se você fala errado, e daí? Se você não fala, e daí? Nunca é tarde para recomeçar. Aliás, voltar a estudar é uma ótima oportunidade para fazer novos amigos, aprender e ocupar a mente.

Conhecendo a cidade

Se você vai mudar para alguma capital/ cidade grande, a chance de ter um FREE WALKING TOUR é de 100%. Conhece? Já perdi a conta de quantas vezes eu já fiz … Ljbilijana, Budapeste, Madrid, Londres, Amsterdam, Tel Aviv, Jerusalem, Santiago e etc. Só jogar no Google o nome da cidade. Tem que cadastrar com antecedência pelo site. Normalmente são três horas andando a pé pelo centro da cidade guiado por um professor(a) de história mega-ultra-power inteligente. No final, recomenda-se dar 5euros de gorjeta. Vale a pena!

Faça isso logo na sua chegada, não importa se você já conhece a cidade. Migs, com certeza eles conhecem MUITO mais do que você. Tem coisa mais incrível do que saber a historia do local que você mora?

Aproveite para tirar, no final, algumas dúvidas.

Vizinhos

Migs, vamos lá! Tive a sorte de ter vizinhos maravilhosos em todos países que morei.

Eu não sou a melhor vizinha do mundo, porque sempre dou uns gritos em casa (quem nunca?), devem pensar que sou maluca, escuto funk e meu marido sertanejo, damos altas festas, mas voltando …

… SEMPRE dei uma lembrancinha. Para de ser “pitangueira/ mão de vaca” e compre uma torta ou vinho. Toque a campainha e se apresente. Isso é uma questão de educação.

Em Santiago dei café e não me deram nada … mas é feio para quem faz, não para quem fez. Em Londres, os vizinhos que me deram cartão, vinho e cookies. Em Madrid, levei café do Brasil e dei para os vizinhos. Em Amsterdam me deram uma torta de maça com vinho.

Minha vizinha de Londres chorou tanto quando fomos embora, e eu choro só em lembrar.

Nao espere que o vizinho te convide para entrar, logo de cara, com certeza não mas você pede o telefone e já pergunta sobre a reciclagem do lixo, mercado e etc. Já me ajudaram tanto!

Trabalhar/ Estudar/ Academia/

Se você está mudando pelo trabalho do seu marido/ namorado ou tico tico no fubá vale a pena estudar, trabalhar, ir para a academia, fazer trabalho voluntário ou virar blogueirany. Enfim, fazer algo por você por puro prazer.

Migs, não sei se você está mudando a trabalho. No meu trabalho em Londres, fiz amigos para a vida toda. Já no meu trabalho na Holanda não posso dizer a mesma coisa. Depende muito da cultura do país.

Eu não sou tímida, mas sou casada com uma pessoa tímida e tenho uma filha mais tímida ainda. Eu entendo. É muito difícil dar o primeiro passo, mas se voce não der, quem vai dar por você? Vamos lá!

Migs, se tiver medo … vá com medo mesmo! Porque se eu tivesse escolhido ficar no Brasil, há seis anos quando meu marido recebeu a primeira proposta de trabalho, eu teria perdido as melhores oportunidades da minha vida.